MÃE ÀS CLARAS: O PRIMEIRO DE MUITOS ANOS
As vitrines do natal, de todas as luzes, árvores e lembrancinhas vão aos poucos tomando outro formato. Dão lugar as mochilas, aos lápis de cor, de escrever, aos cadernos, cada vez mais encantadores aos nosso olhos e mais caros aos nossos bolsos. E fevereiro vai chegando de mansinho, trazendo consigo uma grande marcas do ano: o tão esperado retorno às aulas . Data que carrega consigo importâncias peculiares na vida de muitos cidadãos, alguns miúdos e pequeninos, como a minha pequena e outras já grandinhos e acostumados com essa rotina.
O início do ano letivo, já festejado por comerciantes e vendedores é esperado ansiosamente por muitos alunos, pois representa o retorno de encontros e descobertas, novas amizades, aprendizados e tantas outras coisas mais que somente o ambiente escolar proporciona às nossas vidas. Para os pais, esse período pode ser um misto de alegria e desespero, uma vez que os filhos não estarão em casa o tempo todo (quanto alegria!), mas será necessário colocar a mão no bolso, ou no cheque ou mesmo no cartão de credito para comprar os materiais escolares.
Para minha pequena Laura, fevereiro de 2017 não representa apenas o início do ano letivo, mas de sua vida letiva, que se estenderá por longos anos. Ela não precisa de muitos materiais escolares e tenho a sorte de não ter uma lista longa de materiais uma vez que o Município em que estamos não permite tais atitudes. Contudo, eu fico cada vez mais fascinada com as mochilas e estojos e tantas outras opções que o mercado oferece e confesso que da vontade de comprar os melhores materiais, com as melhores marcas e etc; O momento de insanidade logo passa e os desejos materiais vão dando espaço aos pensamentos de quão boa queremos que sejam a escola, a professora, os colegas e o espaço físico em que ela vai estudar e passar longos anos de sua vida.
E como parecem longos… Quem não se lembra das experiências de felicidade, medo, angústia e tantos outros sentimentos que hoje estão guardados na lembrança e que nasceram no seio da escola, sobretudo a do jardim de infância? A escola parecia que não ia acabar nunca, que nunca nos formaríamos e que o terceiro ano do ensino médio era algo inalcançável e que estudar nele era algo do tipo “ocupar o lugar mais importante do mundo”. Mas ai viriam o ensino superior, ou um técnico, viriam outras escolhas e a realidade que nos faria dizer que ali aconteceram os melhores anos de nossas vidas, ou os piores para alguns!
O tempo passou e trouxe para cada um daqueles alunos, nossos amigos de sala, uma realidade distinta. Muitos de nós tornaram-se pais e mães e agora levam seus filhos para a escola, alguns desses pais e mães levam as crianças ainda bebês (alguns por escolha, outros por necessidade), alguns preferem ficar ao máximo com suas crias e adiam esse momento até que a lei os obrigue a matricular seus filhos em alguma instituição. E como não sentir um friozinho na barriga só de imaginar nossos pequenos com outras crianças, longe de nossos olhos e de nossas “asas” com possibilidades reais de mordidas e puxões de cabelo, de aprendizado de palavras que nunca falaríamos em casa, com uma nova socialização, abrindo suas mentes para um mundo tão mágico, ampliando e cultivando suas próprias “asas”. O início da vida escolar marca também o início da nossa separação, da independência de uma vida gerada dentro de nós, da construção e do conhecimento de outros modos de vida. No fundo queremos apenas que sejam felizes e muito felizes. Que a escola seja o melhor lugar do mundo, quer dizer, o segundo melhor lugar do mundo, já que esperamos que o primeiro seja ao nosso lado – ao menos enquanto estiverem pequenos.
Que venha então o letivo de 2017. Suas comemorações, apresentações e trabalhinhos. Que venha a alegria de quem conheceu novos coleguinhas e que espera ansioso o dia seguinte para ir ao encontro daquilo que será muito prazeroso.
Bom retorno ou início de letivo à todos.
Imagens: Pixabay