AUTISMO OU SÍNDROME DE ASPERGER?
Quando recebo uma criança com diagnóstico de TEA (Transtorno do Espectro Autista) para uma intervenção psicopedagógica, geralmente, só este laudo é insuficiente para a minha intervenção.
Ter um diagnóstico é muito válido, sobretudo para o terapeuta que trabalha com a criança ter um ponto de partida.O número que vem escrito no laudo médico é a CID (Classificação Internacional de Doenças). É esse número que vai indicar algumas características comuns aos indivíduos que os possuem.
Para fornecer o diagnóstico, os profissionais, na maioria das vezes tomam por base o DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) que, atualmente está em sua quinta versão.
O DSM-5 é onde os profissionais encontram os sintomas, características e principais condutas dos indivíduos, e assim eles podem seguir padrões sistematizados para realizar diagnósticos.
Em sua versão anterior, o DSM trazia a síndrome de Asperger como uma categoria à parte, diferenciada do autismo por possuir caraterísticas peculiares.
Entretanto, em sua mais recente versão, o manual incluiu os aspergers na mesma categoria dos autistas. Segundo a Associação Americana de Psiquiatria, órgão responsável pela elaboração do DSM, o TEA caracteriza-se principalmente pelo déficit das habilidades sócio comunicativas. Sendo assim, a síndrome de Asperger não existe mais no manual. Que agora agrupa os transtornos caracterizados por esses déficits, e os classifica em graus: leve (no qual se inclui a Síndrome Asperger), moderado e severo. Esse grau é determinado de acordo com o comprometimento que causa, sendo o nível 1, o leve, o nível 2 é o moderado e o nível 3 é o mais comprometido.
Entretanto, por vários motivos ainda continua-se usando o termo Asperger, para designar um grupo bem peculiar dentro do espectro.O primeiro deles creio, é que uma vez que se diz Asperger, já fica claro para profissionais e até mesmo familiares as condutas tipicamente apresentadas por esses indivíduos. Portanto, por uma questão didática, eu mesma sou um desses profissionais que continuam usando o termo Asperger. No entanto, sempre deixo bem claro para os pais que essa não é a nomenclatura atualmente usada.
Outro motivo, ainda segundo a minha opinião, é o preconceito.
Ainda hoje, muitas pessoas associam o termo autista à imagem de uma pessoa totalmente debilitada e sem nenhuma autonomia.
A verdade, é que o diagnóstico é essencial. E quanto antes melhor.
Bons profissionais saberão orientar os pais e ajudarão a apagar essas ideias pré-concebidas a respeito do autismo. O mais importante é agir. E quanto mais rápido melhor. Quanto mais precocemente os tratamentos se iniciam, melhores os resultados.
O TEA de nível 1, no qual a Síndrome de Asperger se enquadra, são aqueles autistas de alto funcionamento.
Mas, o que isso quer dizer?
Isso quer dizer que a criança é oralizada. Pode falar e se expressar muito bem verbalmente.
Sua inteligência também está plenamente preservada e em alguns casos pode estar acima da média.
Geralmente essas crianças, por terem interesses restritos, acabam se tornando especialistas em determinados assuntos e são considerados pequenos gênios.
Preferem brincar sozinhos, e quando brincam com outras crianças possuem algum comportamento que os adultos percebem ser diferenciado. Costumam ser crianças extremamente educadas.
Geralmente, elas são muito restritivas quanto a alimentos e texturas e não gostam de certos sons. Não gostam de mudanças de rotina. Gostam de fazer sempre as mesmas coisas e podem reagir mal a mudanças, sobretudo inesperadas. Elas também costumam evitar ou nao fazer nenhum ou pouco contato visual.Elas, embora tenham excelente vocabulário (hiperlexia), possuem dificuldades com inferências, jogos de palavras e compreensão de duplo sentidos e piadas.
São geralmente muito lógicas e entendem as coisas em sentido literal. Podem ficar em posiçoes incomuns para assistir à televisão ou ler, por exemplo.
Elas também não entendem certos sinais sociais mais sutis, uma expressão de insatisfação ou dor, diferenças de intensidade como a diferença de alegria e euforia, por exemplo. Eles também apresentam certa monotonia na fala. Não realizando entonações diferentes.
Crianças Asperger ( a maioria delas é menino), podem parecer que não se importam com eventos dolorosos na família, como falecimentos, ou então reagem de forma incomum.
Uma vez que a criança Asperger é auxiliada e acompanhada pelos profissionais o mais precocemente possível, seus ganhos serão infinitamente grandes. Mas, muito raramente os asperger são diagnosticados antes de 7 ou 8 anos.Na vida adulta, essas crianças, quando devidamente acompanhadas, apresentam pouco ou nenhum dos sintomas que as levou ao diagnóstico. Num post futuro darei uma definição mais detalhada sobre os outros graus do TEA.
A criança é abastecida de um vasto repertório comportamental que a leva a não manifestar atitudes incomuns.
É bom lembrar que isso não se constitui em uma cura.
O autismo não tem cura. Ele tem tratamento.
As pessoas são o que são, e parte do tratamento, na minha opinião, consiste em aceitar e respeitar as diferenças.
Os pais, os familiares precisam compreender que cada pessoa tem suas peculiaridades. Ser Asperger é apenas mais uma diferença entre muitas outras.
Respeitar as pessoas como elas são, essa sim é a verdadeira prova de amor.
Para conhecerem melhor sobre Asperger, recomendo que assistam a esse lindo filme: ADAM. Muito bonito e esclarecedor!Eu assisti na NETFLIX e me apaixonei! Lindo, leve e muito didático!
Talvez esse texto não tenha abordado sobre um assunto específico que você ache importante. Nesse caso deixe nos comentários que posso fazer um post mais explicado sobre algum aspecto do TEA.
Um beijo grande, muita luz e até nosso próximo encontro!
Imagens: Pixabay
2 Comments
Clara
Parabéns pelo excelente texto. Muito esclarecedor.
Tati
Obrigada! Teremos mais posts sobre esse assunto!😉