EDUCAÇÃO PARA A COMPETIÇÃO X EDUCAÇÃO PARA OS TALENTOS
É fato que no mundo de hoje cada vez mais as pessoas se tornam abertamente competitivas. As crianças já crescem competindo pra ter a nota mais alta, a roupa mais bonita, o brinquedo da moda e tal. Nesse sentido a sociedade está absolutamente doente, bélica.
Os adultos instigam a competição entre as crianças, pensando que estão ajudando a obterem melhores resultados.
Até entre irmãos a competição é incentivada para depois ser usada como forma de “motivação”: “seu irmão já faz isso, você tem que fazer também!”.
MEU DEUUUUS!
Nós queremos que nossas crianças tenham sucesso na vida, que sejam pessoas felizes e acreditamos que as fazendo competir as estamos motivando para que sejam melhores.
Vou te contar uma coisa: cerca de 95 por cento das pessoas não estão plenamente ralizadas com seu trabalho.
Os 5 por cento restantes são as pessoas que tem sucesso em todas as áreas da vida.
Não é de admirar que exatamente esses 5% da população sejam aquelas pessoas que fazem o que amam.
Com esses dados você pode inferir que não funciona esta educação que vem se arrastando há tempos e que incentiva a competição por tudo.
Quando você diz ao seu filho que ele tem que estudar porque caso contrário outra pessoa vai se sobressair sobre ele no futuro, o está incentivando a buscar superar o outro. Observe: Você não esta dizendo para ele olhar para si e conhecer suas potencialidades. Sua motivação vem de fora e não de dentro.
Por outro lado, você tem a alternativa (não é fácil e nenhuma é) de buscar uma educação que valorize os talentos e as habilidades individuais.
Mas, o que é isso?
Esse é o tipo de educação na qual eu acredito. Uma educação cujo foco está na criança, no seu autoconhecimento, e não no outro.
Na educação que busca o autoconhecimento, o adulto apoia a o adulto apoia a criança na descoberta do que ela mais gosta e das suas habilidades e desenvolve uma educação ao redor disso, ou seja, em torno daquilo em que a criança já é naturalmente boa e tem afinidade. O foco está naquilo em que ela é boa e não no que não é.
Existem inúmeras crianças que apresentam notas altíssimas de matemática, mas não tão boas em língua portuguesa. Uma educação que se desenvolva em torno dos talentos, valorizará essa habilidade maior em matemática em vez de força-la a estudar sistematicamente para ter uma nota razoável naquilo que não tem habilidade.
Sendo assim, a criança terá a oportunidade de desenvolver ao máximo suas habilidades com cálculos. Se tornará uma especialista nessa área.
Quanto à língua, para um especialista em matemática, basta que ele saiba comunicar suas ideias oralmente e na escrita coerentemente. Como a média das pessoas.
Quero deixar bem claro que nada tenho contra livros e a aprendizagem dos conteúdos escolares. Muito pelo contrário. Acredito que a educação me salvou. Na verdade, o que não aprovo, é o total desdém com a singularidade de cada pessoa.
As pessoas trabalham com prazer atendem a um chamado interno: isso é vocação.
Crianças e jovens só se dedicarão cem por cento para uma coisa quando aquilo estiver intimamente ligado ao seu ser.
Pessoas que não se dedicam ao que amam fazem muito esforço para oferecerem um resultado que seja satisfatório. Nunca será. Sempre será mediano. O resultado disso, geralmente é frustração, que por sua vez é a causa de muitos males que afligem a humanidade hoje em dia.
O triste quando damos foco nas inabilidades em detrimento das habilidades, e que essas habilidades acabam atrofiando devido ao pouco tempo de trabalho dedicado a ela. Essa pessoa será média em tudo e extraordinária em nada.
Um sintoma disso é o tamanho da dúvida – e do estresse decorrente dela – na hora do vestibular.
As pessoas não fazem a mínima ideia do que escolher porque não são excepcionalmente boas em nada. Isso porque tinham um potencial que não se tornou extraordinário, pois teve que ser deixado de lado para dar foco em uma área de total desinteresse. Sendo assim, também são apenas medianas nessa segunda área, pois esta lhe exigiu grande esforço, já que por ela não mantém nenhuma afinidade.
Esta situação é lamentável.
Provavelmente, caso esse jovem não trabalhe para descobrir e alimentar seu talento adormecido, ele terá também uma vida medíocre, sem grande crescimento, nada de extraordinário.
Uma pessoa não precisa competir com ninguém. Todas têm os seus talentos e eles são únicos.
Uma pessoa pode ter o talento para cozinhar como tantas outras. Nela este talento é único. Ainda que ela cozinhe, o que várias pessoas podem fazer, ela o fará de forma única, porque fará com tamanho prazer que não verá a hora passar. Ela sentirá prazer imenso quando sentir que está alimentando as pessoas com seu talento. Todo o esforço e dedicação prazerosa em torno desse talento será recompensado, pois isso é feito com alegria.
Sua criatividade trabalhará o tempo todo nas maiores e mais inusitadas criações culinárias…
Essa pessoa certamente será única em seu estilo, em suas combinações e conhecimentos . Sua mente sentirá os sabores e as combinações antes mesmo de elas terem sido preparadas. Isso é poder.
Por isso, eu reafirmo com toda a certeza: criar filhos incentivando comportamentos como a competição é condená-lo a mediocridade.
Tenho absoluta certeza de que os talentos naturais, quando bem trabalhados desde a infância, produzem os grandes avanços da humanidade.
Minha conclusão: Se sobressai quem pratica o autoconhecimento.
Vamos incentivar desde cedo as crianças a se autoconhecerem, a terem atenção consigo mesmas e a identificarem os seus talentos. Quanto antes melhor!
Por uma humanidade mais evoluída e uma vida menos doente, mais cheia de sentido e alegrias.
Um beijo, muita luz e até nosso próximo encontro!
Imagens: Pixabay
2 Comments
EDSON DAMIAO
Tatiane, ótimo artigo! Tenho percebido também que, gerações anteriores (os próprios pais e às vezes também os avós de crianças competitivas), respiram numa atmosfera de competição por medo de um futuro que para eles é “controlável” – controlável sob orientações que dão as crianças para que sejam sempre as melhores; para que estejam sempre no pódio; o perigo disso é que crescerão com baixíssima tolerância à frustração e uma enorme dificuldade em localizar em si mesmas pontos de sua própria natureza humana para encontrarem o caminho do meio. Parabéns pelo artigo! Excelente!
Tatiane
Verdade, meu querido.
E somos nós os responsáveis por disseminar essa nova Educação, baseada no respeito á singularidade, que acredito, é a educação do futuro.
Gratidão pela sua partilha.
Luz!