Maternidade e Educação

COMO TRABALHAR COM UMA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A aprendizagem é uma experiência essencial para o desenvolvimento humano. Ela acontece de forma contínua, começa no ventre se perpetua enquanto o sujeito existir. Qualquer pessoa é capaz de aprender, porém algumas aprendem de forma diferente da maioria.  E essa particularidade precisa ser respeitada, pois cada indivíduo é único.

Existem métodos de aprendizagem que são favoráveis para a maioria das pessoas, mas as particularidades precisam ser levadas em consideração. Por isso, em se tratando de ambiente escolar e metodologia de ensino, é preciso ampliar as formas de se ensinar. Numa sala de aula, é preciso haver dinamismo, assim como uma ampla disponibilidade de recursos que possam respeitar e ajudar a aprendizagem individual e, ao mesmo tempo, favorecer a aprendizagem coletiva. Eis um grande desafio para muitos educadores no Brasil, pois além do pouco reconhecimento, precisam também driblar a falta de recursos para obterem uma educação de qualidade. Porém, quando há um engajamento não só do educador, mas de todos, governo, equipe escolar, família e sociedade de um modo geral é possível se construir uma educação de qualidade e de inclusão.

Para isso é preciso entender que cada um aprende de um jeito. Mas para algumas pessoas que apresentam transtornos de aprendizagem ou necessidades especiais, alguns métodos são essenciais. Aí está a base da inclusão.  É preciso um trabalho multidisciplinar, onde cada caso seja avaliado individualmente e como um todo. O primeiro passo é avaliar a viabilidade da inclusão numa escola regular. Porque existem casos em que esse tipo de inclusão não é benéfico nem para o sujeito e nem para a escola, devido ao alto grau de comprometimento que o sujeito apresenta e da falta de pessoas especializadas para atender as necessidades desse aluno.  O importante é entender que a aprendizagem vai além do ambiente escolar e dos conteúdos pedagógicos. Aprendemos durante toda a vida e em múltiplos ambientes. E para que essa aprendizagem seja eficiente, precisa ser significativa, harmônica e prazerosa. Em se tratando de educação inclusiva, a grande sacada é entender o que é essencial para a minoria, mas que pode ser útil pra todos.

A exemplo disso temos uma experiência pessoal. Faço atendimento à uma criança autista com suspeita de dislexia que estava apresentando problemas de aprendizagem, relacionados a leitura. Com o objetivo de ajudar na aprendizagem e desenvolvimento dessa criança, fui até a escola conversar com sua professora sobre metodologias que poderiam ajuda-la. A professora tinha alguns outros alunos de inclusão em sala. E de um modo geral, a turma era muito agitada. Mas ela aceitou o desafio e resolveu focar na inclusão. Minha cliente, em especial, gosta muito de violino, então a professora decidiu se utilizar da linguagem universal que é a música para modificar o ambiente de aprendizagem. Começou a por música clássica durante as aulas. A princípio, os outros alunos acharam aquela prática “chata”, mas com o passar do tempo, o resultado foi surpreendente, pois as crianças ficaram mais calmas e aquela turma outrora agitada, agora estava mais focada, favorecendo a aprendizagem de todos.

O indivíduo portador de alguma limitação, ou aqueles que apresentam uma aprendizagem diferenciada, muitas vezes são vistos como um desafio e realmente o são, pois nos fazem sair do comodismo e pensar em novas possibilidades.

Quando vemos um elevador numa loja, shopping, rodoviária, enfim, logo sentimos um alívio porque a utilização dessa máquina nos traz o benefício de poupar maiores esforços. É um aparelho muito útil para todos. Porém se pensarmos numa pessoa cadeirante, concluímos que tal aparelho é essencial para sua mobilidade. Assim também devemos pensar nas metodologias de ensino.

Podemos concluir, então, que quando encontramos o equilíbrio entre o que é essencial para uma minoria e pode ser útil para a maioria, podemos obter bons resultados com a aprendizagem e crescimento de todos.

5 Comments

  • Patricia

    Texto irretocável, parabéns Keila Souza.
    Que haja mais textos sobre inclusão escrito de modo tão preciso e acertado como esse.

  • Denise

    Parabéns pelo texto, Keila. É importante compreender que existem pessoas que aprendem de forma diferente e ajudá-las.

  • Valéria Garcia

    Sou suspeita pra falar, mas amo artigos sobre educação de modo global e estou muito curiosa c td e amando td tbm. Obgda por compartilhar seus conhecimentos enriquecedores.

  • Francisca Maria Alves de Andrade Sousa

    Também vivo esta realidade em meu município, Keila.
    Sou especialista em Educação Especial – AEE e estou me especializando em ABA para TEA e DI. Coordeno a Educação Especial há dez anos, e sei o quanto é importante focar nas preferências do aluno com TEA, termos sempre como ponto de partida algo que seja do seu interesse, pois se isso é importante para as crianças neurotípicas , para as crianças com TEA se torna essencial. Mas, falta a formação do professor, politicas públicas, engajamento, boa vontade e principalmente sensibilidade.
    Se cobra muito do professor, mas não se da´o suporte necessário, os cursos são caros e nem sempre correspondem as expectativas e necessidades. É muito fácil encontrar literatura que defina deficiência, transtorno, manuais que estabelecem critérios diagnósticos, escalas de avaliação. Mas, o que se busca de verdade são estratégias de atuação: O quê e como fazer???!!! Não que não seja importante entender conceitos e reconhecer sintomas. Mas, quando se trabalha com essas crianças o que se busca são formas de atuar na prática, não receitas prontas, já que cada ser é único dentro de suas limitações, mas algo que direcione e principalmente que seja baseado em evidências. Falo por experiência própria, tudo isso custa tempo e dinheiro e nem todos estão dispostos. Os próprios documentos oficiais trazem publicações falando de estratégias e práticas e quando buscamos nos aprofundar nada traz de concreto.
    Aqui, aproveito para abrir um parêntese e parabenizar a Tatiane, pela iniciativa, pelo carisma, simplicidade e autenticidade na forma de repassar os conteúdos. Achei que fosse apenas mais um curso e mais frustração!!!… Não é!!! GRATIDÃO… Encontrei você no momento certo. Precisava parar, processar todo conhecimento, focar e escolher um caminho e você está me ajudando DEMAISSSSSSS
    Bjos no coração

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