MÃE SEM RETOQUES: MAMA NENÉM…

Tenho visto muitas mamães postando fotos amamentando seus bebês. Fotos lindas, retocadas, algumas vezes em preto e branco, traduzindo todo o sentimento de quando finalmente você chega a um ponto prazeroso da amamentação.
Mas, vamos falar de antes. Preciso falar do antes, daquele período em que você acha que nunca vai conseguir, daquele período de dor, insegurança, daquele período em que você está cansada, sem dormir , se adaptando a uma nova vida com a chegada daquele bebe.

Aqueles primeiros dias intermináveis, que hoje quando olho pra trás, confesso que a única saudade que sinto é do cheirinho do meu pequeno e de como era fácil fazê-lo caber em meus braços.

Preciso dizer que não é fácil, que a dor não é apenas física, apesar da dor física muitas vezes ser bem intensa.

A adaptação dói. Colocar tudo o que eu pensava, a forma como eu agia de lado e aceitar que agora as coisas serão diferentes dói! Aceitar que algumas coisas serão como o planejado, mas muitas delas não, dói. E dói muito!

O medo do desconhecido dói… E não conseguir identificar que tudo isso está passando em sua cabeça dói!

Durante a adaptação, amamentar é confuso, com muitos sentimentos maiores que apenas a vontade de nutrir o nosso bebê.

Aliás, o medo de não conseguir nutrir o meu bebê, este foi talvez o maior medo que já passei na vida.

No meu primeiro bebê, não tive muitos problemas, o meu leite era abundante, meu bico não rachou, o que me deu a falsa impressão de que tudo foi fácil demais.

Me disseram então que, se eu não complementasse com uma fórmula à noite, ele NUNCA iria dormir a noite toda, e ainda florearam dizendo que se o pai desse a mamadeira fortaleceria a ligação entre eles. E eu acreditei!

Que mãe não quer reforçar a ligação entre o bebê e seu pai, sendo ele um pai amoroso e dedicado? Que mãe não gostaria de dormir a noite toda o mais rápido possível?

Eu acreditei e, por acreditar nisso eu desacreditei no meu poder de mamífera, capaz de produzir integralmente a nutrição para minha cria. Desacreditei que a natureza era sabia e que se meu filho mamava à noite era porque ele precisava, desacreditei que amamentar era mais do que o simples fato de nutrir!

Já no meu segundo filho, quis fazer diferente, mas aí foi a natureza que não ajudou, eu produzia pouco leite, meu bico ficou muito machucado e meu bebê não estava ganhando o peso esperado.

Eu pensei sinceramente em complementar, em dar a tão elogiada mamadeira desfrutada pelo bebê de outrora!

Mas, este universo funciona de maneiras, às vezes, que não conseguimos entender.

Minha mãe, que não conseguiu amamentar a segunda filha por mais que 15 dias, olhou bem no fundo dos meus olhos e disse que iríamos fazer o necessário e que ela estaria ali para me apoiar no que eu precisasse para fazer aquilo acontecer!

Depois foi a primeira visita à pediatra, que me disse que apesar de ele não estar com o peso esperado eu deveria continuar tentando, me tranquilizando e me dando um tempo maior para persistir.

Veio em mim o meu instinto, dizendo pra eu amamentar mesmo que ele não chorasse, oferecer o seio sempre que ele acordar, e monitorar para que ele ficasse no seio por pelo menos 15 minutos, e por fim um anjo que colocaram em meu caminho, que vinha à minha casa para me ajudar no que fosse necessário durante algumas horas por dia! E eu acreditei!

No início ele mamava de meia em meia hora, depois de 40 em 40, os bicos foram cicatrizando e hoje tenho orgulho de dizer que meu filho engasga com tamanha a oferta de alimento!

Por isso, quando vejo estas fotos lindas, em preto e branco, penso em tudo o que cada uma ali passou, cada lágrima, cada insegurança, penso no tamanho da vitória representada muitas vezes em uma fotinha em preto e branco! E digo para as mamães que estão passando por isso agora:

“Confiem, saibam que são capazes, peçam ajuda se necessário e saibam que este momento vai passar, e o que fica é um sentimento lindo de vitória, autoconfiança e um amor transbordando através de cada gota que vaza de deus seios!”

Ludi Braga