MÃE ÀS CLARAS: CADA UM À SUA MANEIRA
“ -Mas você não acerta uma hein? Deveria ter estudado como seu pai.” “-Porque você não presta atenção em fulano e faz igual?” “- Você não consegue falar baixinho como seu irmão?” “- Por que seu filho consegue fazer isso e o meu não?”
Quantas vezes ouvimos frases ou questionamentos parecidos com esse ao longo de nossa vida? E quantas vezes dizemos tais coisas aos nossos filhos, irmãos e alunos? Fazer comparações é algo comum aos seres humanos.
Estamos nos comparando o tempo todo e estabelecendo padrões de comportamento, de beleza, de atitudes, como se o mundo fosse homogêneo e as diferenças não o fizessem tão complexo e maravilhoso. Algumas vezes essas comparações nos fazem crescer e transformar atitudes e pensamentos negativos em positivos, como, por exemplo, quando olhamos para o outro e percebemos que os esforços dele estão valendo a pena para alcançar uma meta e você não sai do lugar por preguiça,comodismo ou medo da mudança.
Contudo, outras vezes as comparações podem ser geradoras de sentimentos conflituosos e resultarem em uma autoestima baixa, sobretudo quando elas são direcionadas às crianças.
Eu e a Laura estávamos em um ônibus quando uma moça entrou com seu filho de 1ano e 6 meses e sentou-se ao nosso lado. A Laura o cumprimentou e a criança apenas olhou para o lado e não falou nada. Como por instinto, a mãe da criança insistiu para que ela falasse um “oi” para a Laura, mas a criança não respondeu. A mãe então, com uma voz irritada e agressiva disse que ele era “bobo assim mesmo” e que não era para a Laura ligar. Respondi para minha filha (mas com vontade de falar para a mãe), que ele era tímido e não queria conversar naquela hora. A mãe ficou ali sentada ao meu lado até o meu destino e não nos falamos mais.
Como foi doído ouvir uma mãe falar assim do próprio filho. Contudo, observo que as comparações são cada vez mais corriqueiras. O mundo e a maneira como organizamos a nossa vida nos faz ter pressa, querer ser o primeiro, acabar mais rápido para executar outras tarefas e os filhos não fogem à regra.
Muitas crianças são forçadas a andar sem estarem confiantes porque o filho do outro andou naquela idade ou a ficar no quarto sozinho porque já é grandinho demais, ou a aprender a ler e escrever sem que seu cognitivo esteja preparado para tal.
E essa ânsia faz com que as comparações apareçam e talvez sejam realizadas de maneira bruta, insensata e marcam a vida daquele pequeno ser para sempre. Podendo se estender à vida adulta e impedi-lo de aprimorar qualidade que lhe são próprias.
Precisamos comparar menos e aceitar mais as diferenças e peculiaridades de nossas crianças, seja entre irmãos, primos ou alunos. Valorizar o que há de qualidade e talento em cada criança (Sim! Porque todos nós somos capazes de coisas maravilhosas) e ajudar naquilo que ela apresenta mais dificuldade, sem submetê-la a um julgamento precipitado e inadequado.
Maria Montessori nos diz que “nunca devemos falar mal de nossas crianças quando elas estão perto e nem quando estão longe”. Devemos sempre olhar para nosso filhos como únicos, dotados de qualidade e capacidades maravilhosas que, em algum momento farão toda diferença no lugar em que estiverem.
Façamos a diferença para eles, eles nos serão gratos por isso.