A PRIMEIRA VEZ…
Hoje meu bebê rolou pela primeira vez.
Como toda mãe babona, fiquei ao seu lado, orgulhosa, imponente, quase como se a conquista fosse minha também. Como se houvéssemos conquistado juntos aquele passo. Fiquei tentando me recordar de quando foi a primeira vez que meu filho mais velho rolou. Não me recordava. Logo percebi que não pude vê-lo rolar pela primeira vez.
Comecei a recordar de todos os momentos que perdi. Alguns por conta do trabalho, outros pela imaturidade de minhas escolhas.
Do alto de meus 21 anos, ser mulher, mãe, mostrar a todos que eu conseguia ser mãe sem abrir mão de nada e, sem perceber, abri mão do que hoje considero mais importante: estes momentos maravilhosos.
Me bateu então uma culpa imensa. A culpa típica das mães, aliás, a culpa, é algo que me parece nascer junto com o filho.
Se permito, sinto culpa por pensar não estar educando devidamente. Se eu não permito, me sinto culpada por querer que ele tenha boas experiências. Se não o deixo comer doces, me sinto culpada por sua tristeza, se o deixo comê-los, me sinto culpada por estragarem sua saúde, entre tantos outros exemplos, diários, aliás, diários não, minutários…
Comecei a refletir, e apesar de toda a culpa, todas as inseguranças, lembrei-me: – eu não o vi rolar pela primeira vez, é verdade, mas, estive presente em muitos outros momentos.
Hoje, ele rola no chão cheio de grama, barro, e eu o vejo rolando sempre que estou por perto, cuido dos machucados resultados destes rolamentos todos, lavo as roupas sujas de grama, preparo as roupas novinhas para ele levar para a escola e rolar à vontade!
Dou aquelas broncas quando ele rola demais!
Percebi que nem sempre conseguimos estar presentes em todos os primeiros lugares, momentos e “rolamentos”, mas estamos presentes em outros momentos. Que as primeiras vezes são lindas, nós, enquanto pais nos emocionamos com cada conquista, mas que os momentos que realmente ficam em suas memórias nem sempre são os que aconteceram pela primeira vez.
Muitas vezes só o sentimento de cuidado e amor na roupa lavada e arrumadinha na mochila ou aquele aconchego na hora de lavar o machucado, de ver um filminho com pipoca, nas histórias que compartilhamos, são o que realmente ficam em suas memórias.
Estar presente nos primeiros momentos é lindo para os pais, mas aprender e crescer junto com a maternidade é o que meus filhos provam constantemente e o que realmente os define e os realizam!
Fazer com que entendam que estando perto ou longe, em minha casa eles sempre terão um lar, que em meu abraço sempre terão o conforto e a compreensão, e que eu posso não estar presente no momento dos seus primeiros “rolamentos”, mas que estarei sempre aqui, para ajudá-los a lidar com as consequências destes primeiros aprendizados e, principalmente, para ampará-los, para que possam ser as melhores versões de si mesmos.
Que não tenham medo de rolar, andar, correr, estudar, namorar, viajar, viver! Porque têm a certeza que em casa, tem uma família que os apoia e uma mãe que os ama.
Eu não poderei estar presente em todos os momentos, mas que eu esteja presente em cada uma de suas boas decisões!