MÃE ÀS CLARAS: MATERNIDADE E CARREIRA – ENTRE O REAL E O DESEJADO
Essa semana, conversando com uma amiga de trabalho, ela me disse que depois que termos nossos filhos não conseguimos fazer muito mais de nossas vidas porque temos que nos dedicar quase que integralmente a eles, e ressaltou que o máximo que conseguiu, foi o emprego que tem hoje.
Imediatamente, minha mente projetou meus próximos 30 anos no mesmo lugar, sem nenhuma perspectiva de melhora e, com certa angustia (tão comum nos olhos de tantas pessoas que estão insatisfeitas com o trabalho que exercem hoje).
Mas, o que fazer quando o seu filho nasce e você não tem a estabilidade financeira que queria, ou quando o próprio nascimento desperta em você o desejo da mudança ou de melhora?
Qual é o momento correto de nos dedicarmos à nossa vida profissional após o nascimento de um filho? Até que ponto é saudável escolher entre a carreira e o filho?
É bastante provável que muitos digam: “-Hoje as coisas são muito diferentes. Um filho nunca poderá ser sinônimo de estagnação na vida profissional de uma mulher!” “-Somos fortes, capazes e muitas mulheres conciliam a vida profissional com a maternidade sem deixar a desejar em nenhuma delas!” ou ainda: “- A qualidade do tempo que você passa com ele é mais importante que a quantidade.”
Todas essas afirmações são verdadeiras para algumas mulheres mas, não satisfazem a todas, afinal, a maternidade, com todos os desdobramentos e desafios que impactam nossa vida, nos faz querer sermos melhores, melhores em tudo, inclusive na profissão que desempenhamos, mas também desperta sensações, sentimentos e questionamentos que nos fazem pirar às vezes.
Algumas vezes, acabamos por sacrificar a vida dos nossos filhos e a nossa própria vida para conseguir algo que nos parece ser mais importante naquele momento.
Conheço alguma mães privilegiadas (e que aplaudo com toda força) que decidiram se dedicar à maternidade integralmente. Optaram por não trabalharem fora de casa e estar com a suas crianças o tempo todo.
As críticas sobre a opção dessas mulheres são inúmeras e com certeza dão assunto para outro post.
Esses também eram os meus planos até que as contas vieram bater à minha porta e me mostrar que a minha realidade carecia do meu trabalho, que a qualidade de vida da minha filha está diretamente ligada à nossa renda.
Uma vez retomando as minhas atividades percebi que não estou completa com o que tenho, que tenho o desejo de compreender melhor sobre minha profissão, quem sabe um mestrado ou um doutorado? Quem sabe outra graduação?
Mas, para que sejam bem feitas, qualquer seja a minha opção, tenho certeza que vou precisar de tempo e dedicação e, consequentemente, optar por passar menos tempo com minha filha. E, essa não me pareceu uma boa opção nesse momento.
Decidi dar uma pausa e retornar em outro momento, quando ela estiver maior, afinal, se antes do nascimento dela não me dispus o suficiente para os “sacrifícios” que uma vida acadêmica exige, para mim eles não valeriam a pena agora.
Contudo, depois de ouvir essa afirmação de uma mãe, cujos filhos estão independentes, fico pensando se a maternidade pode servir como desculpa para nos acomodarmos no lugar em que estamos, se é um “sacrifício necessário” ou uma maneira de repensarmos nossas escolhas e termos mais garra para ir além do comum, para fazer diferente e mostrar que algumas “pausas” são necessárias na vida, sobretudo para olharmos e cuidarmos com mais carinho de nossos filhos e de nós mesmas.